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domingo, 11 de abril de 2010

"Eu não sei nada sobre as grandes coisas do mundo, mas sobre as pequenas eu sei menos": Manoel de Barros.


DIVAGAÇÕES SOBRE CAPOEIRA
A capoeira traz um corpo ancestral, corpo macaco, corpo natureza. Os membros estão, na maior parte do tempo, próximos ao tronco. É um corpo concha, protegido.
Creio que por essa movimentação ligada ao centro o corpo tem um maior poder de expansão, otimizando a força muscular na explosão dos golpes.
Essa “contração” corporal também possibilita um maior controle de equilíbrio, já que torna o corpo mais denso, ao contrário do balé clássico, por exemplo, que procura expandir o corpo no espaço.
Na capoeira:
agilidade
corpo concha = força = proteção
equilíbrio

Interessante notar que o ensino desta luta se diferencia de outras metodologias como a do taektwondo. Aliás, não se trata de uma luta, mas de um jogo.
Das rodas de capoeira que presenciei poucas eram as que se constituíam em batalhas mais violentas. O jogo está no mostrar de que se é capaz de atingir o outro.
Assim os indivíduos praticantes da capoeira melhoram sua técnica sem precisar de fato machucar o companheiro (já que, na aprendizagem, não se joga com os inimigos, mas com amigos de um mesmo grupo). Isso faz com que haja respeito durante o combate.
Se a capoeira manteve sua forma e desde os tempos escravistas os negros já jogavam como se joga hoje, isso parece demonstrar uma intencionalidade de não machucar o companheiro, que passava pelas mesmas agruras, que vivia nas mesmas condições que ele.
Deste modo a capoeira contribuía para o companheirismo e respeito entre as comunidades negras, que poderiam ser de etnias diferentes, mas que aqui eram obrigadas a se unir, formando núcleos de resistência a favor de sua cultura e contra seus senhores. E os capoeiristas eram os guerreiros destas comunidades.
Voltando à metodologia de ensino e pensando nestas comunidades supracitadas, vemos a necessidade de não se machucar o outro na capoeira. Guerreiros feridos é guerra perdida!

por: João Paulo Barros.